Como lidar com a ansiedade no Enem: estratégias para manter a calma e o foco
- Maria Fernanda Alves

- 7 de nov.
- 3 min de leitura
Caderno de provas na mesa, relógio marcando o tempo e aquela sensação que é um mix de nó na garganta com coração disparado e mãos que não decidem se tremem ou suam mais. Essa é a realidade de muitos estudantes diante de uma prova importante... E nesse domingo tem Enem, então é importante falarmos sobre a possível visita dela: a Ansiedade.

A ansiedade antes e durante a prova é algo que acontece com quase todo mundo. Ela surge porque o seu cérebro entende o Enem como um “evento importante”, e aciona o modo de alerta para te preparar e para que você use toda sua atenção.
O problema é que, quando esse alerta fica forte demais, o seu corpo pode entender que está em uma situação de perigo e aí pode acionar reações fisiológicas de luta, fuga ou congelamento… não vou me aprofundar muito nessa explicação, mas, basicamente, essas reações podem prejudicar seu desempenho.
Não se preocupe: é possível lidar com essa ansiedade aumentada!
Com algumas técnicas simples da neurociência, é possível manejar essa ansiedade e trazer sua atenção e calma de volta.
Preste atenção na respiração
Quando o nervosismo aperta, a respiração fica curta (mais rápida) e isso manda o sinal errado pro cérebro (“estamos em perigo!”).
Durante a prova, se perceber o coração acelerado, pare por alguns segundos e faça o exercício 4-7-8:
Inspire pelo nariz contando 4 segundos;
Segure o ar por 7;
Solte lentamente pela boca em 8.
Repita umas 2 ou 3 vezes. Essa respiração ativa o sistema responsável por acalmar o corpo e melhorar o raciocínio.
Use o corpo pra descarregar a tensão
O corpo e o cérebro se comunicam o tempo todo, e se você está tenso, sua mente entende que ainda há perigo.
Então, sempre que sentir o corpo travar:
Apoie os pés no chão e pressione levemente;
Estique os ombros e o pescoço;
Abra e feche as mãos com força, depois solte devagar.
Esses micro-movimentos liberam parte da tensão muscular e avisam o cérebro que você está no controle da situação.
Redirecione o foco com o “5-4-3-2-1”
Essa técnica é ótima pra quem sente a mente fugir durante a prova e é a que eu mais indico para os meus orientando, pois ela ajuda o cérebro a voltar pro presente.
Com essa técnica você usa os cinco sentidos para “voltar pro corpo” e sair dos pensamentos negativos.
É muito prática, veja:
Identifique no ambiente 5 coisas que consegue ver,
4 coisas que pode tocar (a caneta, a roupa, a cadeira, etc...),
3 sons que pode ouvir,
2 coisas que pode sentir o cheiro,
1 coisa que pode sentir o gosto
Em menos de um minuto, seu cérebro sai do modo “ansioso” e volta pro “modo atenção”.
Converse com você mesmo(a) de forma gentil
A forma como você se fala muda o funcionamento do seu cérebro. Durante a prova, troque pensamentos como “vou travar” por frases realistas e positivas:
“Posso fazer uma questão de cada vez.” “Eu sei mais do que parece agora.” “Respira e continua.”
Essa mudança simples reduz a ativação da área responsável pelo medo (amígdala) e fortalece o córtex pré-frontal, área que ajuda a tomar decisões e lembrar do que estudou.
Quando o branco vier (porque às vezes vem…)
Se der branco, não lute contra isso. Feche os olhos por 5 segundos, respire fundo e mude de questão.
Enquanto você resolve outra parte, seu cérebro continua processando inconscientemente, e, muitas vezes, a resposta aparece depois.
Tentar forçar a lembrança só aumenta a tensão. O segredo é dar espaço pro cérebro respirar junto com você.
Se eu puder deixar apenas uma mensagem pra você se lembrar durante o Enem, seria essa:
Você não precisa eliminar a ansiedade, até porque ela faz parte de todos nós. O que é necessário é aprender a regulá-la.
Durante o Enem, lembre-se:
Respire (e observe o ar entrando e saindo devagar),
Movimente-se (mesmo que na cadeira!),
Traga sua cabeça pro presente lembrando seu corpo onde ele está pelos sentidos,
E fale com você com o mesmo tom de quem quer se ajudar, não se punir.
Seu corpo é o seu aliado, não o seu inimigo.
E a calma que você busca não vem de “não sentir nada”, mas de saber o que fazer com o que sente.
Sou Maria Fernanda Alves, Psicóloga e Orientadora Vocacional/Profissional. Ajudo jovens e universitários a lidarem com as dúvidas e as transições que envolvem o futuro profissional.



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